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P327 - Gioventù


Assinatura

Inscrições

A localidade "Paris" e a data "1898", logo abaixo da assinatura.

Procedência

1902 (mar.) – Aquisição por Sr. José Silva Vieitas
1941 (jan.) – Doação de E. G. Fontes para o MNBA

Localização Atual Exposições Individuais Exposições Coletivas Publicações Comentários

Uma das raras representações do nu alegórico em Visconti e, como tal, ambientada ao ar livre. Desde sua primeira exibição no Rio de Janeiro, em 1901, foi destacada como a joia da Exposição Visconti; e em São Paulo, 1903, a crítica evocou Ruskin para elogiá-la. Os gestos das mãos da menina-moça, decantados por tantos comentaristas, podem ser vistos em outras obras de Visconti. O aspecto frágil e vulnerável, de prazeroso abandono, que está perfeitamente caracterizado na mão deixada displicentemente sobre o colo, está presente em muitos dos nus femininos viscontianos. Mas exatamente a mesma posição desta mão, cujo braço é envolvido pelo véu, pode-se observar também no Nu deitado [P314]. E a outra mão, que toca levemente com o dedo indicador o seu queixo, poderá ser vista anos mais tarde, num gesto semelhante, não tão sutil, porém, bastante carregado de expressão, na figura de Louise, a esposa do pintor, em seu Autorretrato em três posições [P023]. É a primeira pintura de Visconti em que aparece o grupo de pombas brancas, aqui voejando dos dois lados da menina. Sua simbologia é inequívoca, e reaparecerá da mesma forma em Oréadas [P333] e Primeira comunhão [P971], e com outro sentido em A Providência guia Cabral [P332].

Foi exposta no Salon de Paris, em 1899, sob o nº 1438, com o título Mélancolie, e reproduzida em página inteira, no seu catálogo, p. 67. Juntamente com Les Oréades [P333], e ainda como Mélancolie, participou da Exposição Internacional de Paris, em 1900, conquistando uma medalha de prata [PR1900] para seu autor. Num dos cadernos de anotações de Visconti, conservado pela família, consta que em 25 de março de 1902, Visconti vendeu ao Sr. Silva Vieitas três quadros, dentre eles, Giuventù. Restaurada em março de 1968, por Edson Motta. Reproduzida na capa da Ilustração Brasileira, na edição de julho de 1949; e no Dicionário Crítico da Pintura no Brasil, 1988, foi mencionada em verbete especial, na p. 220, e reproduzida na p. 221. Além das reproduções já destacadas, ainda em pelo menos mais três catálogos do MNBA; na revista Manchete, de 1º de maio e de 20 de novembro de 1982. Em 1966 os Correios do Brasil lançaram o selo comemorativo do centenário de nascimento de Eliseu Visconti ilustrado com a Gioventù. É considerada uma das obras primas do pintor, citada várias vezes como a “Gioconda brasileira”, sendo que esta comparação foi feita inicialmente por Hugo Auler, no Correio Braziliense, em outubro de 1967, e recordada, entre outros, por Rafael Cardoso, em 2008, que a distinguiu como uma das obras analisadas em A arte brasileira em 25 quadros (1790-1930).

A pesquisadora Cristiane Calza (Coppe/UFRJ), através de radiografia computadorizada, analisou Gioventù, que revelou um estudo para Recompensa de São Sebastião [P331] por baixo de sua camada pictórica visível a olho nu. O artigo da revista Pesquisa, de Maria Guimarães, revela que ela utilizou ainda um aparelho portátil de fluorescência de raios X, sistema por ela desenvolvido: “A análise de fluorescência de raios X do mesmo quadro permitiu caracterizar a paleta usada por Visconti, considerado a ponte entre os séculos XIX e XX por ser um pioneiro do impressionismo no Brasil. No véu amarelo que cobre a menina, a presença de ferro e chumbo revelam que ele usou branco de chumbo, que deixou de ser usado no século XX, misturado com amarelo ocre. Na vegetação do fundo se revelam as misturas com que o artista criou diferentes tons de verde: viridian, óxido de cromo, amarelo ocre e azul de cobalto”.

Para M. Izabel B. Ribeiro, “É possível traçar um paralelo entre Gioventù e A Primavera de Botticelli. Ambas as telas situam a cena em um jardim repletos de símbolos. Juventude e primavera se relacionam intimamente. O tema da adolescência como aurora, como a primavera da vida adulta, dá a chave para a articulação simbólica dos demais aspectos da pintura […] Radiografada recentemente, a obra revela sob a tinta um esboço para a tela Recompensa de São Sebastião [P331], feita no mesmo ano”.


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