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De 1943 a 1948 – Museu Paulista, São Paulo.
Localização Atual Exposições IndividuaisApesar de ter sido exposta com diversas variantes de seu título, esse, adotado pela Pinacoteca de São Paulo, é realmente o mais adequado à sua composição. Criada no sentido vertical, bastante incomum para a representação de qualquer embarcação, a composição de Visconti mostra muito pouco da caravela – apenas partes dos mastros, das velas, das cordas e do timão – e somente uma nesga do mar. Mais importante que o próprio Cabral, a Providência, figura feminina e delicada, reina soberana acima dos três personagens masculinos, ocupando o lugar um pouco à direita do centro da composição. Seus cabelos, o véu que lhe cobre a parte de baixo do corpo, e a chama da tocha que segura na mão direita estão agitados pelo vento, e têm um tom dourado avermelhado. Com o dedo indicativo da mão direita ela toca o alto da cabeça de Cabral, e com esse gesto mínimo, dirige os atos do navegador e o destino de um país continental. A cena representa bem a visão que Visconti passa em toda a sua obra, do poder benevolente da mulher.
A pintura foi apresentada na Individual de Visconti, na ENBA, em 1901, com o título Pedro Álvares Cabral guiado pela Providência. Participou da 1ª Exposição Brasileira de Belas Artes, em São Paulo, em 1903, e da exposição internacional em Saint Louis, em 1904, em ambas com o título Pedro Álvares Cabral. Em 1914, Visconti expõe Le découvreur Cabral guidé par l’Humanité, no Salon de Paris, sob o nº 2000. Dificilmente ele teria pintado outro quadro com o mesmo tema para expor no Salon. É mais provável que tenha realizado, em 1914, o intento que não pode concretizar na época em que criou a tela, em 1899. Na Exposição Retrospectiva anexa à Exposição do Centenário da Independência, em 1922, Visconti exibe, sob o nº 298, Pedro Álvares Cabral guiado pela humanidade, informando que a obra participou do Salon de Paris, em 1914; e no Pavilhão do Brasil, na Exposição do Mundo Português, com o título Cabral. No Dicionário Crítico da Pintura no Brasil, 1988, foi mencionada em verbete especial e reproduzida, na p. 427, com o título Providência guiando Cabral. Segundo os registros da Pinacoteca, a pintura foi transferida do Museu Paulista, em 19 de fevereiro de 1948, juntamente com mais nove de outros pintores, “por se tratarem de obras de interesse mais propriamente artístico do que histórico e documental”, segundo o recibo das obras, assinado pelo então diretor da PESP, Tulio Mugnaini, que cita a pintura de Visconti apenas como Cabral.
A historiadora da arte, Ana Paula Nascimento, pesquisando a correspondência e os Livros de Protocolo do Fundo Museu Paulista, no período (1917-1945) da gestão do seu diretor Affonso d’Escragnole Taunay, encontrou, a partir de 17 de novembro de 1943, “uma série enorme de envios de ofícios: um primeiro a Benjamim de Mendonça – colecionador que residia em Santos e tinha negócios no Rio de Janeiro, próximo de Taunay desde os anos 1930 – sobre o transporte de um quadro adquirido para o Museu. Depois, em 17, 18 e 19 de novembro os ofícios de agradecimento pela ‘comparticipação pelo presente de um quadro de Visconti feito ao museu'”. Como o único quadro de Visconti que pertenceu ao Museu Paulista foi A Providência guia Cabral, obviamente se trata deste. Segundo Nascimento, Benjamim de Mendonça e o diretor Taunay estiveram juntos no atelier de Visconti; a iniciativa das cotas para a compra do quadro partiu de Benjamin de Mendonça e de Vicente Prado (possivelmente, Vicente de Paula de Almeida Prado); e Taunay se encarregou de enviar os ofícios de agradecimento a todos os 28 doadores (de São Paulo, Santos, Rio de Janeiro, e um de Pedreira), junto com uma foto do quadro. Em 16 de dezembro, o diretor Taunay comunica a Benjamim de Mendonça a chegada do quadro Pedro Álvares Cabral guiado pela Fé ao museu; agradece e desculpa-se ao mesmo tempo porque ainda não conseguiu publicar nada a respeito. Nascimento encontrou ainda um ofício de Taunay, de 24 de novembro de 1944, endereçado ao Presidente do XI Salão Paulista de Belas Artes, José Marques Campão, sobre o empréstimo do quadro de Visconti para aquele evento, que homenageou o pintor, recém falecido, com a grande medalha de ouro. No entanto, A Providência guia Cabral não consta da relação das obras expostas do catálogo daquele Salão.