Utilize o campo abaixo para pesquisar obras por título ou código de identificação:

Selecione uma ou mais características para filtrar a sua pesquisa.

P023 - Autorretrato em três posições


Assinatura

Procedência

Coleção Louise Visconti
1952 – Comprada da família Visconti, para o MNBA, pela verba orçamentária

Localização Atual Exposições Individuais Exposições Coletivas Publicações Comentários

Como Visconti penteava o seu cabelo sempre para o mesmo lado, pode-se concluir que a posição de frente foi pintada diante do espelho, nesse autorretrato. As duas outras, em perfil total, obviamente foram feitas a partir de fotografias. Carlos da Silva Araújo, em seu discurso de homenagem póstuma, na Associação Carioca de Letras, em novembro de 1944, cita o derrame cerebral sofrido pelo pintor e comenta: “Fez então o artista seu retrato, com a cabeça ultrajada, em três posições. De frente e de perfil: destro e sinistro. […] Ao fundo aparece a Espôsa, companheira dedicada de longos anos. A fisionomia está cheia de preocupações, cuja expressão três dedos pousados sôbre o mento, ao canto direito da bôca, acentuam. Não se engana o coração amante. Aquilo é o prenúncio da partida. Da irrevogável separação a que somos todos condenados.” A esta conclusão chegou o autor, porque acreditava que a pintura teria sido criada em 1942.

A postura da esposa, tocando o queixo de leve com os dedos, lembra a pose coquete da garota no mais famoso nu de Visconti: Gioventù [P327]. Porém, o gesto de Louise denota, realmente, a preocupação pelo pintor que sofrera a paralisia dos nervos faciais, cujo efeito ele não evitou mostrar em outros autorretratos [P022; P017; P020]. Mas, sobretudo, a introdução da figura da esposa nesse autorretrato, como se depois de tantos anos de convivência, a imagem do pintor não pudesse mais se dissociar da dela, simboliza o seu tema mais constante: a família.

Uma versão curiosa sobre a motivação deste autorretrato, vinda do próprio Visconti, foi publicada em matéria da Gazeta de Notícias de 8 de março de 1944. Ao ser perguntado se um motivo de ordem artística, sentimental ou estética o levara a reproduzir-se em três posições, como fizera anteriormente com Frederico Barata retratado em duas posições [P230], Visconti respondeu: “Muito simples. Reparei na dificuldade que encontram os escultores ao prepararem bustos baseando-se nos tradicionais retratos, e introduzi essa modalidade a fim de facilitar-lhes a tarefa. De outro lado, há sempre diferenças quando se olha um homem de perfil ou de frente, ou mesmo entre os perfis esquerdo e direito. Reproduzindo as três posições teremos o indivíduo completo. Minha esposa, ao canto, é a outra metade da minha pessoa, a companheira inseparável de minha vida”.

A pintura foi apresentada no SNBA de 1939, com o título Auto-retrato (vários aspectos). Embora não seja datada, foi registrada na lista das obras da exposição em memória do cinquentenário de falecimento do artista, de 1994, com a data de 1940, e reproduzida na biografia de Barata, 1944, com a legenda: “Rio, 1938”.


Obras Relacionadas


Documentos Relacionados