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Coleção Louise Visconti
Coleção Tobias d’Angelo Visconti
1960 – Adquirida de Tobias d’Angelo Visconti para o MNBA
Além de Volta às trincheiras [P407], esta é a única pintura a óleo conhecida, de Visconti, que faz alguma menção à Primeira Guerra Mundial, que transcorria na Europa, enquanto o pintor trabalhava nas sua decoração para o teto do foyer do Theatro Municipal do Rio de Janeiro ou se refugiava com sua família em Saint Hubert. Seria também uma das raras pinturas feitas no interior do atelier (além de alguns retratos e nus) desse período. A esposa de Visconti e seus filhos servem de modelo, mais uma vez, para essa composição simbólica.
Louise cobre os olhos com um lenço nas mãos, como em A carta [P904], porém aqui, a cabeça mais baixa expressa emoção menos contida. Seus filhos mais velhos a apoiam: Yvonne de um lado, sentada, também com um lenço na mão direita, e Tobias de outro, em pé abraçando a mãe. Este tem os olhos voltados para o alto, em direção a uma aparição da escultura helenística, que emana de uma tela emoldurada, sobre um cavalete, à sua frente. Ao lado do cavalete, alheio à comoção de seus familiares, o mais novo dos irmãos, Afonso, absorto em sua pintura, empunha um grande pincel. O tom escuro, castanho, do grupo de pessoas e móveis, contrasta fortemente com a parte superior da composição: a luz que entra pela grande vidraça, através da qual se vê a vegetação colorida do exterior, bate em cheio no peito da Vitória de Samotrácia e de suas asas, que se tingem com mil reflexos multicolores. O choro de Louise e a evocação da escultura feita para a proa de um navio, em comemoração a uma vitória naval, apontam para a expressão da saudade, ansiedade e preocupação que a família sofreu na Europa, enquanto Visconti viajava de navio para o Rio de Janeiro, a fim de instalar sua decoração do foyer.
Visconti fez um estudo para esta composição [P998] em que o pequeno Afonso não aparece. E também uma tela em que retrata apenas a grande vidraça do atelier com sua vista [P486]. A pintura foi exposta no Salon de Paris, em 1920, sob o nº 1001, como Samothrace. Segundo os registros do MNBA, foi comprada, em 1960, pela verba orçamentária; e tem a data de 1919, embora não seja mais visível. Reproduzida no jornal Diário de S. Paulo, 29 de novembro de 1964.