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P730 - Solidariedade Humana (Instrução) – Painel da Biblioteca Nacional


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Ao final dos anos 1900, Visconti foi chamado para participar da decoração do suntuoso prédio público da Biblioteca Nacional, ao lado de Henrique e Rodolpho Bernardelli, Modesto Brocos, Correia Lima e Rodolpho Amoedo. Visconti parece ter-se preparado e estudado bastante o tema que lhe foi conferido, pois dedica um caderno [CD011] a pesquisas, pensamentos, textos e pequenos esboços preparatórios para os dois painéis de sua autoria, “Solidariedade Humana” e “O Progresso”. A sede atual da Biblioteca Nacional, cujo projeto em estilo eclético é assinado pelo engenheiro militar Sousa Aguiar, foi inaugurada em outubro de 1910, na Avenida Central (hoje Rio Branco), Rio de Janeiro. No Relatório Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1911, Manoel Cícero Peregrino da Silva conta que ele próprio escolheu os assuntos e os artistas que deveriam executar os painéis: “Os que ficaram na Galeria são do pincel de Elyseo Visconti e representam a Solidariedade Humana e o Progresso [P729]”. No Painel Solidariedade Humana, também chamado de Instrução, observa-se uma roda, harmoniosa e serena, de personagens que carregam diversos símbolos das Artes, da Sabedoria e da Justiça, enquanto uma figura feminina central, num plano mais alto, de braços abertos irradia ondas luminosas que se espalham para o alto.
Na Gazeta de Noticias (30 out. 1910), um artigo sobre a inauguração do novo edifício descreve seus painéis decorativos. A descrição dos dois de Visconti é a maior e mais detalhada, o que nos leva a crer que foi encaminhada pelo próprio pintor. Sobre este painel: “A Navegação, o primeiro meio de communicação e de solidariedade entre os homens, as Artes Plasticas, a Poesia, a Sciencia, a Chimica, a Phisica, a Eletricidade, todos esses entes abstractos são feitos encantadoras figuras humanas pelo pincel de Visconti, que as enlaça ao redor da figura da Solidariedade humana que é o élo de tudo. A Solidariedade, de braços abertos, traz sob o seu manto a Justiça e a Paz, outras duas figuras excellentes.” O autor do artigo ainda coloca: “Os dous paineis de Elyseu Visconti são as duas primeiras pinturas que se fazem no Brasil, segundo cremos, pelo processo de vibração optica. E estão magnificas. […] quadros de uma grande intensidade de colorido, de vida e de expressão artistica.”
Segundo Ana Heloísa Molina, historiadora e pesquisadora da obra de Visconti: “Encomendados para figurarem em um espaço público dotado idealmente de todas as virtudes e valores relativos à elevação humana, […] essas quadros registram os pressupostos filosóficos da formação profundamente humanística do pintor. Neles transparece a ideia de que Eliseu Visconti traduziu em ritmo e cores os temas da “Solidariedade Humana” e do “Progresso”, caracteres de viés social indissociáveis da ideia de moderno naquele momento histórico.”
Visconti realizou um estudo preparatório [D759] para o grande painel Solidariedade Humana, no qual é possível ver vários elementos simbólicos que foram modificados na composição final. A Biblioteca Nacional guarda os esboços que Visconti realizou para os seus dois painéis, em pastel sobre papel [D701; D702].


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