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P729 - O Progresso – Painel da Biblioteca Nacional


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Ao final da década que iniciou em 1900, Visconti foi chamado para participar da decoração do suntuoso prédio público da Biblioteca Nacional, ao lado de Henrique e Rodolpho Bernardelli, Modesto Brocos, Correia Lima e Rodolpho Amoedo. Visconti parece ter-se preparado e estudado bastante o tema que lhe foi conferido pois dedica um caderno [CD011] a pesquisas, pensamentos, textos e pequenos esboços preparatórios para os dois painéis de sua autoria, Solidariedade Humana e O Progresso. A sede atual da Biblioteca Nacional, cujo projeto em estilo eclético é assinado pelo engenheiro militar Sousa Aguiar, foi inaugurada em outubro de 1910, na Avenida Central (hoje Rio Branco), Rio de Janeiro. No Relatório Annaes da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, 1911, Manoel Cícero Peregrino da Silva conta que ele próprio escolheu os assuntos e os artistas que deveriam executar os painéis: “Os que ficaram na Galeria são do pincel de Elyseo Visconti e representam a Solidariedade Humana [P730] e o Progresso”. Neste, Visconti concebeu uma movimentação caótica de corpos angustiados no espaço, que se assemelha a uma luta, ressaltando o aspecto de competitividade agressiva que acompanha o progresso.
Na Gazeta de Noticias (30 out. 1910), um artigo sobre a inauguração do novo edifício descreve seus painéis decorativos. A descrição dos dois de Visconti é a maior e mais detalhada, o que nos leva a crer que foi encaminhada pelo próprio pintor. Sobre este painel: “Em baixo, uma cidade do progresso, espantosamente industrial, onde as chaminés e as usinas tingem de fogo rubro uma larga faixa do céu. E desse fogo e da fumaça […] vão surgindo os Vencedores, explendidos titans humanos que sobem pelo espaço, na ascensão gloriosa da Victoria. Mas a victoria somente se consegue com a Luta. E a luta vai até o alto, onde até os dous Amigos lutam. E o que vence sobe para o alto supremo, onde se faz a allegoria da Paz Universal, a grande sciencia, com a exaltação do Amor, da Justiça e do Intelecto.” O autor do artigo ainda coloca: “Os dous paineis de Elyseu Visconti são as duas primeiras pinturas que se fazem no Brasil, segundo cremos, pelo processo de vibração optica. E estão magnificas. […] quadros de uma grande intensidade de colorido, de vida e de expressão artistica.”
Este painel aparece numa foto do ateliê de Visconti, com Yvonne, filha do pintor, sentada no canto esquerdo. A foto foi datada 1912 posteriormente, de forma equivocada. Comparando-se a foto antiga com a atual, notam-se diversas diferenças, principalmente nas nuvens ou volutas de fumaça  e outros detalhes que se destacam com uma luminosidade que já não existe, desgastada pelo tempo ou encoberta por um restauro recente. Segundo Ana Heloísa Molina, historiadora e pesquisadora da obra de Visconti: “Encomendados para figurarem em um espaço público dotado idealmente de todas as virtudes e valores relativos à elevação humana […] esses quadros  registram os pressupostos filosóficos da formação profundamente humanística do pintor. Neles transparece a ideia de que Eliseu Visconti traduziu em ritmo e cores os temas da “Solidariedade Humana” e do “Progresso”, caracteres de viés social indissociáveis da ideia de moderno naquele momento histórico.”
Visconti realizaria mais dois estudos: um pequeno a óleo [P707] e outro a pastel [D727] para o grande painel O Progresso. A Biblioteca Nacional guarda os esboços que Visconti realizou para os seus dois painéis, em pastel sobre papel [D701; D702].


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