Tais características podem ser identificadas no estudo de um cartaz elaborado por ele para a cervejaria Antarctica no início do século XX. Como já comentado anteriormente, a figura feminina era um tema recorrente no repertório artístico do art nouveau, e sua utilização como apelo comercial já era uma estratégia mercadológica conscientemente utilizada pelos artistas gráficos da Belle Époque. Visconti parece desenhar sua musa fazendo referências a Alphonse Mucha e Eugène Grasset, mas o tratamento cromático coloca o seu projeto em um novo patamar de originalidade e ousadia.
Se por um lado a composição do texto e da figura feminina parecem sugerir um arranjo simétrico, o padrão floral, constituído por ramos de cevada, disposto ao longo de uma linha sinuosa que serpenteia no segundo plano, ressalta o caráter assimétrico do leiaute. O design tipográfico demonstra o grau de liberdade decorrente do uso do processo litográfico de impressão, em que letras de formato original podiam ser diretamente desenhadas sobre a pedra litográfica.
A obra gráfica de Visconti é diversificada e apresenta soluções extremamente originais, como aquelas vistas na capa do catálogo de sua primeira exposição, realizada na Escola Nacional de Belas Artes, após seu retorno da Europa (1901), em que o contorno das letras surge como brotos ou ramos do elemento floral principal. Se no cartaz para a cervejaria Antarctica a exuberância cromática rompe com a paleta de tons pastel e antecipa tendências que só se tornariam comuns anos depois, no catálogo o padrão é eminentemente monocromático. A economia de cores é mais do que compensada pelo intrincado padrão floral visto em segundo plano, que remete a ilustrações publicadas na renomada revista The Studio.
Igualmente fascinante é a solução tipográfica empregada no título “Exposição E. Visconti”: o contorno das letras surge como brotos ou ramos do elemento floral principal.