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ProcedênciaColeção Família Visconti
Coleção Francisca Nivalda de Oliveira Silva
2002 – Doada à PESP por Ricardo Brennand, in memorian de Antonio Luiz de Almeida Brennand Neto
Visconti fez ao menos três estudos preliminares para esta composição: um desenho [D602], uma aquarela [A602] e um óleo [P656]. O Projeto Eliseu Visconti guarda uma fotografia da fachada da Escola Hygino da Silveira, de Teresópolis, tendo o pintor na escadaria de entrada. Em seus arquivos existem cópias de vários documentos referentes a essa pintura. O primeiro deles, de 1963, é destinado ao prefeito de Teresópolis, e tem o seguinte teor: “Os infra firmados, na qualidade de filhos do finado artista pintor, Eliseu d’Angelo Visconti, desejando vincular e perpetuar sua memória à vida e história da Cidade que foi pelo mesmo tão extremosamente amada e que, durante cerca de um quartel de século, serviu de palco e de musa inspiradora à manifestação de uma das mais destacadas fases de sua fecunda vida artística, vêm à presença de V. Ex. para, por seu intermédio, oferecer ao Povo e à Cidade de Teresópolis, a tela a óleo intitulada “Saudação à Bandeira”, […] Serviu de cenário à obra o pátio externo da Escola primária ‘Dr. Hygino da Silveira’ […] onde tôdas as manhãs, antes de dar início às aulas, entoavam as crianças com vigor patriótico, o Hino Nacional, enquanto era içado o Pavilhão auri-verde. O artista retratou com rara felicidade êste comovente e solene instante e, como que desejando imprimir à sua obra um cunho de inconfundível Brasilidade, fêz constar da cena, como expectador atento, a figura impoluta do grande Presidente Getúlio Vargas – facilmente reconhecível apesar das diminutas dimensões da figura – detalhe que imprime à composição um sentido de maior dignidade, afirmando seu valor histórico. […]”. Os outros documentos tratam da venda desta pintura à Francisca Nivalda de Oliveira Silva, em 27 de janeiro de 1983, são recibos e uma declaração que os acompanhava, esclarecendo: “[…] que o quadro em questão permaneceu algum tempo exposto em dependências da Prefeitura Municipal de Teresópolis, à qual tinha sido oferecido graciosamente pela familia do artista no ano de 1963. Entretanto, a oferta em questão não chegou a se concretizar por instrumento legal (termo de doação ou escritura) por desinteresse da mesma prefeitura que também nunca acusou o recebimento do quadro. […] Por volta de 1968 representante da familia Visconti procurou o então prefeito Flavio Bertolucci reclamando do mau estado de conservação da obra e da falta de uma utilização condigna da mesma. O referido Prefeito, pessoa culta e amante das artes, resolveu então devolver o trabalho aos cuidados da familia, alegando falta de recursos para sua restauração e manutenção […]. Desde então o quadro permaneceu cerca de 15 anos ininterruptos na residência, em Teresópolis, do professor Henrique Cavalleiro e de seus filhos, até o ano de 1983, sem que a Prefeitura de Teresópolis se interessasse mais pelo assunto ou se manifestasse de algum modo a respeito.” A pintura foi doada à Pinacoteca do Estado de São Paulo, in memorian de Antonio Luiz de Almeida Brennand Neto, em 20 de dezembro de 2002, permanecendo por um período em exposição, e depois guardada na reserva técnica.
Nesta homenagem à bandeira brasileira, que aparece ainda em esboços para decorações não realizadas [P703; P717], Visconti deixa registrado seu amor por sua pátria de adoção e a preocupação, várias vezes externada em entrevistas, com a educação da juventude, incluindo também, na saudação ao pavilhão nacional, Yvonne e seus dois filhos. M. Izabel Branco Ribeiro destaca esta pintura na Galeria da Coleção Grande Pintores Brasileiros: “Visconti não pinta a saudação à bandeira como o cumprimento de um ritual escolar diário, mas como festa cívica repleta de entusiasmo. A composição confere grandiosidade à arquitetura neoclássica da escola, que toma ares majestosos de monumento. […] O uso que Visconti faz do pontilhismo nesta pintura é muito adequado ao propósito da obra: apresentar uma alegoria sobre a importância da educação cívica. Ao transformar uma ação cotidiana em festa, o artista a desloca para o território mítico e atemporal. Para tanto, usa recursos pictóricos a fim de construir uma atmosfera irreal. Por meio das pequenas manchas de cor que o pontilhismo possibilita, cria a névoa lilás no último plano, ligeiramente amarelada no plano médio e em tons mais aquecidos no primeiro plano. Outro ponto a se notar é o modo como constrói com manchas cromáticas a bandeira, usando as complementares para criar zonas de sombra, e também como dirige o olhar do observador com pequenas manchas de verde e vermelho distribuídas pelo plano média da pintura, inclusive no vestido de Yvonne”.