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ProcedênciaColeção Silvio Prado Pastana
Localização Atual Exposições ColetivasA pintura pode ser vista numa foto publicada na revista Careta, de 1912, do vernissage da 19ª EGBA, tendo nesta ocasião recebido do Jornal do Commercio o comentário: “… a figura da menina, entretanto quasi na puberdade, está em uma posição desgraciosa, meio acaçapada e encolhida, como que envergonhada de expôr o seu joven corpo ao olhar indiscreto e desrespeitador de todo o mundo; […] O pintor intitula esse quadro Primavera, e naturalmente, quiz simbolizar essa estação […] Mas, admira que não tivesse pintado a sua figura ao ar livre, como elle o sabe fazer tão bem, em vez de mettel-a em um quarto fechado, como a tiritar de frio.” No ano seguinte, durante a 2ª Exposição Brasileira de Bellas Artes, é a única pintura de Visconti que não foi totalmente execrada por Julio César da Silva, no jornal paulista A Gazeta (20 jan. 1913), que dela observou: “O seu nu, com o titulo de “Primavera”, passavel. Si o sr. Visconti não désse tanta luz ao peito da figura e lhe illuminasse um pouco mais o rosto, seria mesmo bom. A despeito disso, tem qualidades o quadro. Ha rigor de desenho e a nudez da menina tem muito relevo”. As outras duas pinturas de Visconti expostas foram duramente criticadas por ele, especialmente por sua fatura moderna. Acompanhando a reprodução de Primavera em tricromia na Illustração Brasileira, Adalberto Mattos declara: “Com o maximo prazer, fomos tirar da intimidade do pintor tão encantadora joia; tivemol-a em nossas officinas por muito tempo; e dia para dia, novas bellezas constatavamos, delicadezas de toque surgiam aos olhos de todos que a contemplavam.”
Visconti inova não ambientando sua alegoria ao ar livre, como ditava a tradição acadêmica, e ainda representando soltos, os cabelos de seu nu. Longos e lisos, os cabelos da menina envolvem suas mãos e braços, caem-lhe sobre os ombros e suas pontas chegam a tocar-lhe a coxa. Do alto pende um ramo de rosas; duas delas adornam sua cabeça, outra está aos seus pés; e várias pétalas espalhadas pelo chão, numa clara alusão à perda da inocência, caracterizando assim mais a passagem de uma fase da vida, do que de uma estação do ano. Justamente a posição desgraciosa, apontada por Carlos Americo dos Santos, revela a naturalidade dos nus de Visconti, que por vezes se assemelham a retratos. A cor vermelha mais uma vez ganha destaque, como em diversos de seus nus femininos [P317; P318; P319; P323; P359], em diferentes proporções. A pintura aparece na parede do atelier da Mem de Sá, ao lado de diversas outras pinturas, em fotografia do acervo do Projeto Eliseu Visconti, proveniente de negativo em vidro. Diversos desses negativos foram digitalizados pelo Instituto Moreira Salles em dezembro de 2017.