Através desta carta sabe-se que o ateliê situado no Boulevard du Chateau nº 38, em Neuilly, alugado por Visconti para executar ali as decorações do Theatro Municipal do Rio, pertencia a Jeanne Benjamin Constant, viúva de Benjamin Constant, pintor e professor na Academia Julian quando Visconti lá estudou entre 1893 e 1898. O mesmo ateliê havia pertencido a Puvis de Chavannes.
Na carta a proprietária externa sua contrariedade com alguma opinião desfavorável que Visconti emitiu sobre o ateliê para um amigo que a acompanhava em visita ao local. Não se sabe que tipo de crítica Visconti fez ao ateliê. Mas quatro meses depois, Visconti parece ter feito as pazes com a proprietária, pois em julho de 1907 consegue com ela e com a anuência do futuro inquilino uma prorrogação do contrato por dois meses, o que lhe permitiu realizar ali a exposição com as obras que havia concluído para o Theatro. Esta prorrogação de contrato está descrita em carta enviada por Visconti a Francisco Oliveira Passos [CR1907D].
A seguir, a carta da proprietária Jeanne Benjamin Constant traduzida.
12 de março de 1907
Senhor
O amigo que veio comigo para visitar minha propriedade de Neuilly ficou muito mal impressionado pela maneira tola pela qual você lhe falou, enquanto eu estava no galpão com o seu porteiro. O ateliê foi construído por Puvis de Chavannes que pintou em todas as estações suas admiráveis telas. Meu marido, que após a morte de Puvis de Chavannes foi inquilino, apreciou tanto o local que o comprou.
Eu sou obrigada a pedir-lhe que não me faça conhecer seu julgamento, em desconformidade com o de Puvis de Chavannes e com o de meu marido.
Meus sentimentos muito distintos.
Jeanne Benjamin Constant