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P917 - Segredo


Assinatura

Inscrições

Abaixo da assinatura, o local "Rio" e o ano "1903".
No verso da tela:
Em letras maiores: "Esposto no Salão N. B. Artes em 1906 - Segredo".
Em letras menores: "Catálogo Museo N. Belas Artes - 1949 - Exposição Retrospectiva".

Procedência

2024 (fev.) – Galeria Mauricio Pontual.
2024 (mar.) – Galeria Danielian
2024 (mar.) – Coleção Collaço Paulo

Localização Atual Exposições Coletivas Comentários

Crianças e adolescentes são temas comuns na obra de Eliseu Visconti. Em especial, a ternura expressa entre dois deles, foi retratada ao longo dos diversos períodos da sua carreira. Logo no primeiro, em Idílio nos cajueiros [P913], vemos uma menina acomodada em um tronco, destacada da ramagem por seu vestido muito claro; porém, mais camuflado entre alguns galhos se encontra também um garoto; ambos voltando seu rosto para o espectador. Do segundo período, uma pequena tela alcançou certa notoriedade, quando em 1901, Gonzaga Duque a chamou incomparável: O beijo [P906], que é também a que mais se aproxima da pintura em questão. Retratando outro casal de pequenos entre as ramagens de uma árvore, Vista do mar [P547] é do terceiro período, e nesta composição, ao contrário daquela primeira, eles se encontram muito próximos e voltam seu olhar para algo no fundo da tela, ambos na mesma direção. Os filhos de Visconti estiveram também sempre presentes em retratos [P102] ou como figuras na paisagem, particularmente expressando a mesma ternura em Tobias e Afonso no parque [P481], do quarto período. Do período seguinte podem ser apontadas duas pinturas, das quais temos poucas informações: Primeira emoção [P202] e Casal de jovens [P252]. Até em seu último período, Visconti expressou carinho, meiguice e afeição através do retrato de dois pré-adolescentes, irmãos, amigos da família Visconti: Alédia e Crispim [P201].

Em Segredo, além desses sentimentos que podem ser observados nas citadas composições de Visconti representando duas crianças em idades diversas, fica em destaque a cumplicidade expressa pela intimidade do gesto de sussurrar algo ao “pé do ouvido”. O toque das mãos e dos rostos verificado igualmente em O beijo, aqui também fica a cargo da menina de cabelos longos à direita, que esconde seu rosto, aconchegado na outra garota um pouco mais velha, cujo olhar distante representa perfeitamente a visão imaginada do segredo contado. Considerando-se a data inscrita na pintura e o hábito de Visconti pintar sempre pessoas amigas ou familiares, é possível imaginar que aí estão retratadas duas sobrinhas dele, filhas de sua irmã Annunciatta, que se casou em 1889 e teve cinco meninos e duas meninas. Elas chamavam-se Clelia e Antonia. Quando da exibição deste quadro na 13ª EGBA, Gonzaga Duque (Kosmos, set. 1906) em seu comentário o considera adorável, e Raul Pederneiras (Jornal do Brasil, 25 set. 1906) observa que é a única pintura de Visconti exposta naquele ano, quando o artista se encontrava na Europa, ocupado com a decoração do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que estava em construção. A pintura foi aprovada pela Comissão de Autenticação das Obras de Eliseu Visconti em março de 2024, através de análise por imagens e documentos encaminhados por e-mail.


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