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P622 - Quaresmas


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A localidade "Rio" e a data "1942", logo abaixo da assinatura

Procedência

Coleção Louise Visconti
Coleção Afonso d’Ângelo Visconti
1973 – Leilão Galeria Collectio Artes, São Paulo
2023 (dez.) – Leilão Bolsa de Arte de São Paulo, SP
2024 (mai.) – Leilão da Blombô – São Paulo, SP

Localização Atual Exposições Individuais Exposições Coletivas Publicações Comentários

Palco tanto de lazer como de trabalho, os fundos de quintal sempre foram temas pictóricos dos mais caros a Visconti [P556; P558; P647]. Nessa composição, ele parece ter reunido todo seu significado afetivo e efeito plástico. A maioria da pintura foi realizada em pinceladas dissociadas, com exceção das figuras principais, que ganham um pouco mais de nitidez, e das roupas no varal, ponto de concentração da luz. Louise, a esposa do pintor, sentada em sua cadeira observa várias pessoas em suas atividades: logo à sua frente, uma mulher, provavelmente Yvonne, está curvada sobre um objeto que não é possível identificar; mais adiante, outra mulher estende roupas no varal, auxiliada por duas meninas que a ladeiam; espalhadas por todo o quintal, algumas quase imperceptíveis pela dissolução do desenho em manchas coloridas e consequente camuflagem na relva, várias outras crianças recreiam-se numa simbiose perfeita com o ambiente. As quaresmeiras floridas que dão nome à pintura ocupam altivas a parte central da metade superior da composição. Por trás delas, o barranco caracteriza a localização da cena, na parte de trás do terreno de Visconti em Teresópolis, um pouco à direita da casa [P619; P625]. A proprietária da obra desde 1973, conta que numa determinada época do ano e horário do dia, o sol entra pela janela e ilumina a tela de tal forma, que as figuras parecem ganhar vida, e as roupas no varal, movimento.

Lygia Martins Costa comenta em sua “Apreciação da Obra”, no catálogo da Retrospectiva de 1949: “Na paisagem ‘Quaresmas’, sua procura no sentido de obter o máximo de atmosfera e luminosidade fôra coroada do maior êxito. Ali parecera juntar o divisionismo à pincelada corrida, lisa, e obtivera não só a vibração do ar, fazendo cintilar as quaresmas variavelmente coloridas, como a calma repousante da cena familiar sob sua folhagem. A roupa no varal em pinceladas largas, refletindo tôda a luz coada por entre as flores luminosas, é magnificamente conseguida”. E Mário Pedrosa, que a considerou uma das realizações mais primorosas de Visconti, escreve sobre ela na ocasião: “O ar vibra na paisagem, envolvendo as figuras entrelaçadas na atmosfera. Nada mais fascinante do que êsse jôgo sutil de esconder entre a luz e a cor, o ar e o ambiente, as personagens e as árvores e flôres. A luz brilhante é coada nos panos estendidos, e se concretiza em matéria colorida nas fôlhas das quaresmas, no ar, nas figuras, em mil variações de tons. A luz se adensa, pesando sensualmente nas sombras”. No acervo do Projeto Eliseu Visconti há uma foto antiga destas quaresmeiras exatamente do mesmo ângulo, e com algumas peças de roupas estendidas logo abaixo, que certamente Visconti usou para criar essa composição. A pintura Florada [P952], pela coloração e formato das flores, sugere ser um estudo para a copa das árvores que dão título a esta grande composição. Na revista O Cruzeiro, 1973, foi reproduzida com o título Quaresmeira, e a informação de que alcançou o preço de Cr$ 70.000,00, no leilão da Collectio.


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