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A localidade "Paris" e a data "1905", abaixo da assinatura.
ProcedênciaColeção José Marianno Filho
1923 – Doação para a Pinacoteca da Escola Nacional de Belas Artes
1937 – Transferida da Pinacoteca da ENBA para o recém-criado MNBA.
É considerada a obra-prima da retratística de Visconti, e segundo Adalberto Mattos (abr. 1923): “Da mocidade artistica mereceu a téla a denominação de ‘Gioconda brasileira’, o que muito deve desvanecer o seu autor”. Louvada entusiasticamente por todos os seus comentaristas por mais de um século, desde sua primeira aparição no Brasil, por Gonzaga Duque, até sua recente reprodução (2008), por Ana Paula C. Simioni. Do crítico pode-se destacar: “É, pois, um retrato, mas desses retratos que ficam nos archivos da arte e perpetuam o nome dos seus auctores, porque são mais do que reproducções, são valiosos productos da téchnica, nos quaes se concretisam seguranças de fórma, meritos de palhêta e qualidades surprehendentes de expressão. […] Olha-se-o e difficilmente se lhe retira o olhar, tal o encanto em que se fica…” E da socióloga da arte: “… um retrato de mulher no qual não se acentua a feminilidade, mas o caráter, dotado de personalidade forte e inteligente, qualidades que, não obstante, não a masculinizavam, evitando estereótipos bipolares. Era uma artista que ali estava, mas (e isso precisa ser notado) sem os atributos do métier. Não há buris, espátulas, gesso, macacão ou qualquer outro indicativo do ofício de escultora”. Em artigo sobre o Salão de 1905, a Revista da Semana publicou sobre esta pintura: “Quem conhece o genero difficillimo do retrato, ficará de certo extasiado deante da firmeza do desenho, da fidelidade completa do colorido e, sobretudo, da grande vida que possue essa imagem na téla”.
A retratada (Campinas, 1874 – Rio de Janeiro, 1941) foi aluna de Rodolpho Bernardelli na ENBA e aperfeiçoou-se em Paris, entre 1904 e 1907, onde, no final desse período, morreu seu esposo, o médico Benigno de Assis. Recebeu as medalhas de prata e ouro nas EGBA de 1907 e 1908. Casou-se novamente, em Paris, com o escultor português Rodolfo Pinto do Couto, em 1911. Nicolina e Rodolfo, bem como a obra de Visconti, estão registrados em foto tirada no interior do ateliê do casal, o que sugere que o retrato foi oferecido ou vendido por Visconti diretamente à escultora. No caderno de desenhos de Visconti, publicado pela Unicamp [CD006], em 2008, estão os primeiros esboços para esse retrato (011, 016, 019 e 041), sendo que em um deles está registrado: “Pesquisa para retrato de Nicolina de Assis/ E. Visconti”. Mais tarde, o pintor comprou da escultora o terreno à rua Mem de Sá, sobre o qual ergueria um prédio de três pavimentos, com seu atelier, conforme a escritura, datada de 7 de dezembro de 1907. A pintura foi exposta no Salon de Paris, em 1905, sob o nº 1198, como Portrait de Mme de Assis. No Dicionário Crítico da Pintura no Brasil, 1988, foi mencionada em verbete especial, p. 444, e reproduzida na p. 531.
A doação da obra à Escola Nacional de Belas Artes por José Marianno Filho foi matéria de “A Noite”, em sua edição de 16 de julho de 1923. Comentando sobre esta doação, Ercole Cremona escreveu em sua coluna “Bellas Artes” em “O Malho”, de 19 de maio de 1923: “A outra dádiva partiu de José Mariano Filho, o estheta que todos admiram pelos seus predicados e amor ao patrimônio da cidade. Trata-se de um dos grandes retratos da pintura brasileira, a nosso ver o mais perfeito; representa a distincta escultora Nicolina Pinto do Couto, pintada por Eliseu Visconti. Essa maravilha da pintura brasileira poderá ser, dentro de poucos dias, apreciada pelo público. Será publicada em perfeita trichromia pela Illustração Brasileira.” Batista da Costa, então Diretor da Escola de Belas Artes, agradece à doação de José Mariano Filho através de carta publicada no jornal “O Paiz” em sua edição de 11 de julho de 1923.