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D855 - Carta-bilhete para o interior – Fundação da Nacionalidade Brasileira – Projeto para carta-bilhete integrante da coleção vencedora do Concurso dos Correios de 1904


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Em sequencia à assinatura, na alça inferior esquerda do desenho, a localidade e a data "Rio 1903".

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Em 1903 Visconti participa de três concursos de selos abertos pela Diretoria Geral dos Correios e organizados pela Casa da Moeda, num total de dezesseis projetos, sendo doze selos, duas cartas-bilhetes e dois bilhetes postais. O júri, presidido por Luis Betim Paes Lima, Diretor dos Correios, era constituído por literatos, filatelistas e pelo escultor Rodolfo Bernardelli. Dentre vinte concorrentes, Visconti é declarado vencedor dos três concursos, em janeiro de 1904. Entretanto, os projetos de selos postais jamais seriam executados, por ter-se oposto o Ministro de Viação e Obras Públicas, Sr. Lauro Muller, o que causou grande mágoa ao artista. Apontar uma razão para a não feitura dos selos seria mera especulação. A aceitação que tiveram por parte da imprensa especializada na Europa e na América foi comprovada pelo número de vezes que foram publicados. A revista francesa L’Illustration , em 12 de novembro de 1904, reproduziu com elogios todos os projetos. Também o jornal português Mala da Europa estampou os selos em sua edição de 18 de dezembro de 1904. Na América, a Sociedade Filatélica Argentina igualmente reproduziu os selos.
Nossa crítica especializada ficaria decepcionada com o não aproveitamento dos selos de Visconti. Gonzaga Duque escreve na Revista Kosmos: A série magistral de postais do Sr. Eliseu Visconti faria a reputação filatélica de qualquer povo. É, em verdade, uma coleção extraordinária, sem competidora na reputada Europa.”

A Imprensa Nacional, em Catálogo Descritivo publicado em 1904, descreve assim a carta-bilhete “Fundação da Nacionalidade Brasileira”:
Sobre um fundo em que se avista a entrada da Baia de Guanabara, indicando assim o Rio de Janeiro, centro político da República Brasileira, uma figura de mulher, trazendo à cabeça o gorro frigio e o medalhão com o Cruzeiro e a Estrela do Sul, aconchega ao seio com a mão direita o genio da Gloria, que empunha o facho do Louvor, e com a esquerda cinge com uma só coroa de louros as cabeças de José Bonifácio de Andrada e Silva, Fundador da Pátria Brasileira, representando a política, e as dos seus estrênuos defensores: o Exército e a Armada, representados por Duque de Caxias e Barão do Amazonas.

Os estudos de carta-bilhete de Visconti apresentavam uma ilustração sob forma de cabeçalho em que se destacava a figura feminina representando a República, e nesta versão reunia as figuras do almirante Tamandaré, de José Bonifácio e do duque de Caxias. Ao fundo, é possível perceber o contorno do Pão de Açúcar. Nesse estudo se faz presente um interessante experimento tipográfico realizado no título “Carta- Bilhete”. Eliseu Visconti desenhou os caracteres em estilo art nouveau, modificando as proporções de algumas letras de modo a criar um desenho diferenciado, um logotipo, a ser aplicado em toda série. Ao estender a haste vertical dos “Ts” ele permite que as letras adjacentes fiquem, por assim dizer, abrigadas, sob a haste horizontal. Um recurso semelhante foi utilizado de modo a criar um encaixe entre as letras “L” e “H”, e o efeito, em conjunto com o desenho especial da fonte tipográfica, produz um resultado extremamente original. A experimentação tipográfica também estava presente no desenho dos numerais que indicavam o valor de 200 Réis. Visconti propõe a interseção dos dois “zeros”, e assim acrescenta mais uma solução original a um impresso destinado à produção massificada. (Leonardo Visconti Cavalleiro e Claudio Lamas de Farias em “Eliseu Visconti – A Arte em Movimento” – Org. Tobias Stourdzé Visconti – Holos Consultores Associados). Neste texto, o representante da Marinha que figura na carta-bilhete seria o almirante Tamandaré, ao invés do Barão do Amazonas (almirante Barroso), indicado no texto antigo do Catálogo Descritivo da Imprensa Nacional.

Os originais dos projetos de selos e bilhetes apresentados por Visconti para o concurso dos Correios encontram-se desaparecidos, não sendo encontrados nos arquivos da Instituição. A imagem desta carta-bilhete foi obtida a partir de uma reprodução menor encontrada nos guardados do artista, hoje pertencente ao acervo do Projeto Eliseu Visconti.


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