CR1934E - Carta de Diana Cid Garcia (Diana Dampt) para Eliseu Visconti – 17 de maio de 1934

  • Tipo de Documento Correspondências - Após 1920
  • Ano 1934
  • Acervo Projeto Eliseu Visconti

Pag. 2
Pag. 2

Em correspondências endereçadas a Visconti em datas próximas à passagem do século XIX para o século XX, Alberto Nepomuceno [CR1896D], Félix Bernardelli [CR1906K] e Henrique Bernardelli [CR1898] mencionam uma personagem de nome Diana. Mais de duas décadas depois, Manoel Santiago, em sua correspondência a Visconti, cita o casal Dampt [CR1928, CR1928A, CR1929 e CR1929A]. A Diana citada nas cartas da passagem do século é a mesma Madame Dampt citada por Manoel Santiago nas cartas de 1928 e 1929. Diana Cid Garcia, nascida na Argentina, foi uma das primeiras artistas latino-americanas de que temos conhecimento expondo com regularidade no Brasil. Ela participou das Exposições Gerais de Belas Artes em 1894, 1895, 1897, 1899, 1902, 1906 e 1914, entre outras. Em 1905 Diana esteve no Brasil para realizar uma exposição no Salão do Grão-Turco, no Rio de Janeiro, trazendo vários quadros. A tela O Cristo e a Adultera, que teria sido bastante elogiada por Jean-Paul Laurens, na França (segundo a Gazeta de Notícias), foi adquirida para a Galeria da Escola Nacional de Belas Artes e seria a mesma tela que Félix Bernardelli denomina de A mulher adúltera, em sua carta a Visconti [CR1906K]. Diana casou-se com o celebrado escultor francês Jean Dampt e passou a residir em Paris, mantendo contato com Visconti, de quem foi vizinha em 1904 no número 17 da Rua Campagne Première, e também com outros artistas do círculo de amizades de Visconti. Manoel Santiago, acompanhado de sua esposa Haydéa, frequentou assiduamente a casa do casal Dampt no período de sua bolsa de estudos em Paris, entre 1928 e 1932.
Consideradas as correspondências guardadas por Visconti e que se encontram no acervo do Projeto Eliseu Visconti, esta seria a última carta que Diana escreveu diretamente ao artista. Em 1938, ano de seu falecimento, ela encaminharia ainda uma carta a Louise, esposa de Visconti. A seguir, a transcrição da correspondência de 1934 a Visconti, em francês e em português.

Paris le 17 mai

Mon cher Visconti,
Je vous ai écrit l’autre jours, aussitôt reçu votre bonne lettre. Et j’ai tout à fait oublié de vous remercier – pour la gracieuse pensée que vous avez eu de m’envoyer cette ravissante petite fougère. Je l’ai trouvé si jolie, si fine, que je l’ai mise dans une enveloppe pour la montrer à Mr Dampt et voilà que je ne la retrouve plus. Je me demande si ce n’est pas dans l’enveloppe que je vous ai envoyée que je l’ai mise. En tout, si une autre vous tombe sous la main, envoyez la moi, je ne la perdrai plus. En tout cas, je vous en remercie de tout coeur.
Bien d’amitiés à votre famille, très heureuse de que Yvonne se porte mieux pauvre petite. Embrassez la pour moi.
Toujours votre collègue et amie – Diane Dampt
Lembranças aux Santiagos

Paris, 17 de maio

Meu caro Visconti,
Eu lhe escrevi outro dia, assim que recebi sua boa carta. E esqueci completamente de lhe agradecer – pela graciosa ideia que você teve de me enviar essa adorável pequena samambaia. Eu achei ela tão linda, tão fina, que a coloquei num envelope para mostrá-la ao Sr. Dampt e agora não a encontro mais. Me pergunto se não teria sido dentro do envelope que eu lhe enviei que a coloquei. De todo modo, se outra cair em suas mãos, envie para mim, eu não a perderei mais. Em todo caso, eu te agradeço de todo coração.
Minha amizade para sua família, estou muito feliz pela recuperação de Yvonne coitadinha.
Beije-a por mim.
Sempre sua colega e amiga – Diane Dampt
Lembranças aos Santiagos