CR1934 - Carta de Eliseu Visconti a Benjamim de Mendonça – Autobiografia – 10 de junho de 1934

  • Tipo de Documento Correspondências - Após 1920
  • Ano 1934
  • Acervo Reprodução do documento no acervo do Projeto Eliseu Visconti

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Nesta carta de nove páginas Eliseu Visconti atende a um pedido de seu amigo Benjamim de Mendonça e esboça uma pequena autobiografia. Benjamim utilizaria esta autobiografia para um artigo sobre Visconti, solicitado por um órgão da imprensa escrita.
Este com certeza é o maior texto escrito pelo artista em que ele discorre sobre sua carreira artística. Quatro anos depois ele faria novo texto autobiográfico solicitado por Oswaldo Teixeira, então diretor do Museu Nacional de Belas Artes [CR1938]. Mas ali escreve um texto mais resumido e construído em tópicos.
Visconti inicia a carta a Benjamim de Mendonça reafirmando sua amizade e, após demonstrar falsa modéstia, enaltece a família como sendo sua mais importante obra.
Menciona também a morte de seu irmão Tobias em 1883, atribuindo a esse fato sua saída do Conservatório de Música. E atribui às aulas no Liceu de Artes e Ofícios a abertura de sua alma para as artes plásticas.
Pag. 3A partir daí notam-se divergências de datas indicadas na carta com a biografia oficial do artista, justificadas pela idade avançada de Visconti e por indícios não comprovados de que teria sofrido um pequeno derrame em 1934.
Visconti nesta carta confirma que expôs na Secessão de Munique em 1896. E ao comentar seu retorno ao Brasil em 1900, diz que foi uma época desoladora para as artes, não dando os motivos dessa afirmação.
Atribui a questões políticas a não publicação dos selos que projetou, vencedores do concurso aberto pela Casa da Moeda em 1903.
Lembra do período em que executou as decorações da sala de espetáculos do Theatro Municipal do Rio de Janeiro como sendo “febril e enthusiasta da minha vida de arte”. Engana-se nas datas em que expôs os trabalhos do Municipal em Paris e de retorno com esses trabalhos ao Brasil, colocando na carta o ano de 1908 para ambos os fatos, quando na realidade ocorreram em 1907.
Pag. 4Erro cronológico mais grave comete quando diz que a exposição em Saint Louis, EUA, (Louisiana Purchase Exposition), em que obteve a medalha de ouro com “Recompensa de São Sebastião” [P331], ocorreu em 1909, quando na realidade a exposição universal deu-se em 1904.
Comenta que ao viajar para Paris em 1913 para executar os painéis do foyer do Theatro Municipal sentia-se abatido e estava com o filho doente. Comete novo erro ao mencionar que expôs os trabalhos do foyer em Paris em 1916, quando na realidade os trabalhos foram expostos em 1915, sendo trazidos para o Brasil em dezembro de 1915.
Comenta que em março de 1918 fugiu de Paris com a família em função do avanço do inimigo, retornando à capital francesa na véspera do armistício de 11 de novembro de 1918.
Classifica seu retorno ao Brasil em 1920 como o início de “uma nova era” e, após discorrer sobre os trabalhos que executou para o Palácio Pedro Ernesto e para o Palácio Tiradentes, passa a escrever no tempo presente, 1934, ano em que inicia a pintura do novo friso sobre o proscênio do Theatro Municpal. Declara-se sem tempo e com a “saúde um tanto precária”.
Pag. 5Antes de se despedir do amigo, menciona que visitou todos os museus na Itália, terra de seu nascimento em 1867 (nasceu na realidade em 1866). Diz que visitou também museus na Bélgica, Holanda, Espanha, Inglaterra e Portugal e ratifica mais uma vez que seu maior orgulho é ostentar em seu “Brasão de Arte” a cidadania brasileira.

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