CR1899B - Carta de Félix Bernardelli a Eliseu Visconti, enviada do México – 12 de junho de 1899

  • Tipo de Documento Correspondências - Até 1900
  • Ano 1899
  • Acervo Projeto Eliseu Visconti

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Félix Bernardelli e Eliseu Visconti aprofundaram a amizade em Paris, no período inicial da bolsa de estudos de Visconti. A análise desta e da carta anterior de 1899 [CR1899A], bem como a de outra encaminhada por Félix em 1906 [CR1906K], mostra que os dois artistas não deixaram de se corresponder pelo menos ao longo dos 11 anos em que estiveram longe fisicamente. E em todas as cartas o texto de Bernardelli é pródigo em demonstrações de intimidade que só se conquista após uma forte amizade.
Esta carta foi encaminhada para Visconti em 12 de junho acompanhada da que Félix escreveu em 29 de maio, pois ele segurou esta última esperando poder mandar o cheque para a compra em Paris do vestido de casamento para sua noiva. E novamente encarrega Visconti dessa tarefa se Diana, amiga comum, não puder fazer a compra. Diana Cid Garcia (Diana Dampt), artista argentina que era amiga de Visconti e de outros brasileiros que estiveram em Paris no final do século XIX, foi uma das primeiras artistas latino-americanas expondo com regularidade no Brasil. Após o casamento com Jean Dampt, renomado escultor francês, fixou residência em Paris.
Félix se casaria em setembro de 1899 com Concepción Sanchez Aldana e da união nasceram duas meninas, Margarita e Silvia Bernardelli.
A seguir a transcrição da carta.

Junho 1899     
                             12
Meu Visconti

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Como vês se passaram vários dias e eu não te mandei essa carta e foi porque não tenho podido encontrar uma livreta da Comptoir National d’Escompte para mandar-te um cheque de 200 francos para o tal vestido, que supondo já pode ser regular por este preço.
Entretanto, a carta para Diana partiu já e tem 12 dias de viagem. Assim é que dentro de 6 dias já estará em poder dela.
Repito-te pois que me faças o favor de ir ver a Diana e dizer-lhe que lhe vou mandar uma ordem para a casa de Eduardo Santos Rue de Provence para que lhe paguem o que tiver custado o vestido, véu, flores etc. e se ela não está em Paris tem paciência meu velho, vai ao Bom Marché pede um catálogo o mais bem examina alguns vestidos feitos e o que vejas que te agrada passavelmente (como se fosse para ti) então lhe dizes que tem um pedido de Guadalajara etc., etc. e eles então se encarregam de mandar-me tudo diretamente pagando eles mesmo os “paquets-postal”  porque toda compra de mais de 50 francos corre o frete por conta da casa e tu não terás mais maçada que a de pagar-lhes o vestido.
Diz também à Diana que faça assim porque se ela compra em nome dela então ela terá que gastar para mandar-me os.
Um amigo meu de aqui que se casou mandou vir deste modo o vestido escrevendo diretamente ao Printemp e tudo lhe chegou aqui perfeitamente mas eu pensei que estando a Diana lá, podia escolher-me alguma coisa bonita e conveniente e por isso não me dirigi diretamente ao Bom Marché que prefiro ao Printemp.