O Theatro Municipal do Rio de Janeiro está localizado próximo ao Museu Nacional de Belas Artes, à Biblioteca Nacional e ao Palácio Pedro Ernesto, formando com esses três prédios um conjunto arquitetônico eclético de grande representatividade, um espaço de cultura e das artes, todos com importantes obras de Eliseu Visconti. O acervo do Museu Nacional de Belas Artes, na avenida Rio Branco, detém a maior coleção de obras de cavalete de Visconti, de variadas técnicas, desde acadêmicas, do tempo de escola, até neo-realistas, da fase final do artista, passando pelo naturalismo, pela influência renascentista, pelo divisionismo e pelo impressionismo. Veja aqui as obras de Visconti integrantes do acervo do MNBA/RJ.
Vizinha ao Museu Nacional de Belas Artes está a Biblioteca Nacional, onde se encontram dois painéis de Eliseu Visconti, de características pós-impressionistas, alegorias executadas em 1911. Encomendados para figurarem em um espaço público dotado idealmente de todas as virtudes e valores relativos à elevação humana, esses quadros registram os pressupostos filosóficos da formação profundamente humanística do pintor. Neles transparece a idéia de que Eliseu Visconti traduziu em ritmo e cores os temas da Solidariedade Humana e do Progresso, caracteres de viés social indissociáveis da idéia de moderno naquele momento histórico.[1]
Em frente à Biblioteca Nacional está o Palácio Pedro Ernesto – Câmara Municipal, ostentando na escadaria que domina o vestíbulo o grande tríptico Deveres da Cidade, trabalho impressionista de Visconti concluído em 1923. Na parte central da obra, a figura feminina representa a cidade, e a masculina, a legislação. Os painéis laterais homenageiam Oswaldo Cruz e o prefeito Pereira Passos, identificados com o saneamento e a urbanização da cidade e personificando a transição para a modernidade da então Capital Federal.
Uma visita completa às grandes obras decorativas de Visconti no Rio de Janeiro seria encerrada no painel que emoldura a presidência do plenário da Assembléia Legislativa – Palácio Tiradentes, na Praça XV. Visconti escolhera inicialmente como tema para esse painel a posse de Deodoro da Fonseca na Presidência da República. No entanto, o estudo de Visconti seria recusado pela comissão constituída à época, que exigiu do artista outro tema onde não figurassem mulheres. Para cumprir o contrato, o artista apresentou um novo trabalho, sem mulheres, representando a assinatura da primeira constituição republicana de 1891. Este passaria a ser uma exceção dentre os trabalhos decorativos de Visconti, que têm sempre a mulher como protagonista.
NOTAS:
[1] MOLINA, Ana Heloisa. “A Influência Das Artes Na Civilização”. Eliseu D’ângelo Visconti E Modernidade Na Primeira República – Tese de doutorado apresentada ao Curso de Pós-Graduação em História, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004, p. 377.