Eliseu Visconti parece ter sido fortemente influenciado pelas possibilidades técnicas e expressivas do ferro fundido como material para a fabricação de utensílios utilitários. O estudo presente em um de seus cadernos documenta o projeto de uma luminária cujo design faz uso do típico vocabulário temático do art nouveau de inspiração floral. A base e a coluna foram desenhadas de modo a sugerir raízes e caules e o topo da coluna termina em um conjunto de ramos entrelaçados, a partir do qual se originam os suportes para as lâmpadas. Um pequeno esboço no lado direito do desenho sugere uma vista superior da luminária, por si só um recurso de representação gráfica não mais afeito ao artista, e sim ao desenhista industrial, em que estão presentes três lâmpadas.
A cerâmica talvez seja o suporte que melhor define Eliseu Visconti como um pioneiro do design industrial. Seus vasos estabelecem um evidente contraste com produtos similares desenvolvidos por artistas contemporâneos, como, por exemplo, o norte-americano Louis Confort Tiffany. Nos vasos de vidro de Tiffany, a obsessão com as formas orgânicas leva à completa transformação dos recipientes em formas que sugerem um ser vivo. Se por um lado, o resultado estético era extraordinário, as formas intrincadas só podiam ser obtidas pelo processo de sopro manual e constituíam-se em peças únicas.
A busca por um caráter de exclusividade e luxo e o consequente distanciamento dos processos industriais não estão presentes nos vasos projetados por Eliseu Visconti. A decoração floral é reduzida a um sóbrio padrão de flores de maracujá, aplicado de modo bidimensional. A forma do recipiente também abre mão dos excessos formais e assume configurações e proporções que remetem à cerâmica tradicional brasileira.
Dessa maneira, Eliseu Visconti foi capaz de projetar um conjunto de obras que, ao mesmo tempo em que remetia ao art nouveau, também incorporava traços de uma identidade nacional em seu design, além de adequar-se aos requisitos da produção seriada. Assim repetia-se no Brasil o processo visto na Europa: a criação de uma vertente e interpretação local do vocabulário estético-formal do art nouveau francês.
